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Fundação Chapadão participa de discussão sobre “Enfezamento” do milho, doença que preocupa o agronegócio

O pesquisador da Fundação Chapadão, Dr. Germison Tomquelski, participou na última quinta-feira (09), junto a outras 15 instituições, de um evento online promovido pela SEMAGRO (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), com o objetivo de discutir estratégias para o enfrentamento a uma doença que vem atacando lavouras de milho.

O “enfezamento”, popularmente chamada, é uma doença causada por organismos conhecidos como molicutes (Spiroplasma, Fitoplasma) e um vírus (rayado fino), todos transmitidos pelo vetor Dalbulus maidis, vulgarmente conhecida como cigarrinha do milho. Não se trata da mesma cigarrinha que ataca a Brachiária, mas uma espécie monófaga, isto é, tem alta preferência pelo gênero Zea (milho).

O Superintendente da Semagro, Rogério Beretta destacou a importância de se antecipar ao problema, antes que se agrave ainda mais nas próximas safras. Segundo ele, as instituições deverão elaborar propostas à Semagro para enfrentar a doença que já é uma realidade em Mato Grosso do Sul.

O diretor executivo da Fundação Chapadão, Eng. Agr., Dr. Fabiano A. Bender da Cruz, disse que a instituição está empenhada no assunto, através da realização de estudos regionais, em parceria com produtores da região dos Chapadões, Governo do Estado (SEMAGRO), além da APROSOJA/MS e a Fundação MS.

Situação no MS

A Agraer realizou um rápido levantamento com produtores de milho e cooperativas agrícolas e verificou que o problema foi generalizado no Estado. Porém, a intensidade foi maior em regiões que cultivam mais milho 2ª safra, isto é, região de Dourados e Ponta Porã, variando de 3 a 30% de perdas nas produtividades esperadas. Nos chapadões de São Gabriel, Chapadão do Sul e Baús, este em Costa Rica, as incidências foram menores.

Em alguns municípios a infestação foi generalizada e em outros foi localizada, variando bastante nesse aspecto.

Foram relatados casos de lavouras de milho (400 ha), em Ponta Porã, com perdas de até 80% da produtividade. No município de Sete Quedas, uma cooperativa informou que a perda chega a 30% da produtividade esperada de 100 sc/ha. E muitos municípios, os produtores consultados tiveram perdas de 3 a 10%, apenas. Produtores de muitos municípios, com áreas mais modestas, não relataram perdas por ataque da praga.

A situação que favoreceu a pressão da praga foi a quebra da sazonalidade do milho, ou seja, o cultivo na “safrinha” e plantios irrigados, possibilitam oferta de alimentos ao longo do ano à cigarrinha.

Em regiões onde o milho é cultivado em plantios sucessivos, as cigarrinhas migram de campos doentes para campos com plantas jovens e, assim, disseminam a doença.

Danos

A infecção causada pelos agentes patológicos, ao se alojarem no floema (vasos), alteram o movimento hídrico e a fotossíntese na planta, causando danos como: multiespigamento, secamento prematuro da planta, redução da espiga, chochamento de grãos e tombamento de plantas. Resultando na queda da produção.

Curiosidade: cada fêmea, durante seus 45 dias de vida, pode pôr 611 ovos.

Medidas de Controle

A Embrapa desde 2.004 conhece esse problema e (WAQUIL. J.M. – Circular Técnica n. 41/2004 – Sete Lagoas) tem uma série de recomendações de manejo que devem ser incorporadas, visando reduzir o problema. São elas:

  • Os métodos culturais, mais efetivos e econômicos.
  • Evitar plantio tardio e escalonado em áreas próximas;
  • Realizar rotação de cultura;
  • Áreas de intensa infestação devem ficar em pousio por, no mínimo, três meses;
  • Erradicar milho “tiguera” (voluntário);
  • Monitorar e remover plantas com sintomas;
  • Evitar plantar milho pipoca e milho doce, por serem mais suscetíveis.
  • Escolha de híbridos e variedades resistentes e tolerantes às doenças ou ao vetor;
  • Fazer controle ao vetor com tratamento de solo, da semente ou via pulverização das plantas, logo após a emergência;
  • Fazer sincronização de plantio.

O trabalho, coordenado pela Semagro, deverá propor medidas de capacitação de técnicos e agricultores, pesquisa e defesa fitossanitária, a serem divulgadas oportunamente.

 

Fonte: Semagro/Fundação Chapadão

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