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Soja inicia semana em queda na Bolsa de Chicago de olho na colheita dos EUA e clima no Brasil

O mercado da soja na Bolsa de Chicago iniciou esta nova semana trabalhando em campo negativo. Os principais contratos, por volta das 7h30 (horário de Brasília), perdiam entre 3 e 5 pontos, com o vencimento janeiro/16, o mais negociado neste momento, valendo US$ 8,91 por bushel.

Depois de oscilar com bastante volatilidade na semana anterior, os negócios seguem aguardando por novidades para tomar um caminho mais claro no cenário internacional. E nesta segunda-feira (26), o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz dois novos boletins, sendo um deles o de embarque semanal de grãos – importante indicador da demanda – além do semanal de acompanhamento de safras, que sai após o fechamento do pregão e atualiza o índice da área já colhida no país.

Ao mesmo tempo, os traders também observam o desenvolvimento da nova safra da América do Sul, principalmente, neste momento, o andamento do clima no Brasil. E os últimos dias têm sido de chuva para importantes regiões produtoras, e as previsões indicam uma melhora ainda mais significativa das condições nestes próximos dias.

Veja como fechou o mercado na última semana:

O mercado brasileiro de soja teve mais uma semana de baixo volume de negócios, porém, o ritmo foi ligeiramente melhor do que na anterior. E o movimento se estendeu tanto para a oferta ainda disponível da temporada 2014/15 quanto para 2015/16, que teve o plantio recém iniciado no país.

Nas praças do Sul, as altas superaram os 2%. Em Não-Me-Toque/RS, a saca da soja avançou para R$ 75,50, com ganho de 2,72%, enquanto em Cascavel, Londrina e Ubiratã, todas no Paraná, foram a R$ 71,50, subindo 2,145 nas duas primeiras e 0,7% na última. Em Mato Grosso, Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, estabilidade nos R$ 68,00 e R$ 67,00, respectivamente. Em Luís Eduardo Magalhães/BA, Jataí/GO e São Gabriel do Oeste, ganhos de 1,27% a 1,52%.

No porto de Paranaguá, em relação à última sexta-feira (16), o preço da soja disponível fechou com alta de 3,70% e a saca valendo R$ 84,00, enquanto em Rio Grande, o ganho foi de 2,38% para R$ 86,00. Já o produto da nova safra ficou estável em ambos os terminais e fecharam a semana com, respectivamente, R$ 82,00 e R$ 83,00 por saca.

“Os preços evoluíram melhor e houve uma presença de vendedores tanto para a safra velha, com lotes ainda remanescentes, como também se verificou a presença um pouco mais ativa de vendedores para a safra nova”, relatou o analista de mercado e economista Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais.

E essa melhor evolução das cotações, verificada, principalmente no interior do país, foi reflexo da variação do mercado a cada dia, ainda segundo o analista. As três principais variáveis que compõem a formação dos preços da soja no Brasil apresentaram bons momentos durante os últimos dias e, consequentemente, algumas boas oportunidades.

“Houve bons momentos lá fora, mas o câmbio também ajudou em alguns momentos, já que saiu de algo próximo a R$ 3,75 para a casa dos R$ 3,90. O que mais chamou a atenção foram as altas em Chicago, em que a posição novembro/15 chegou a US$ 9,13 no melhor momento”, explicou o analista.

Nesta sexta-feira (23), o dólar fechou com baixa de 0,43% a R$ 3,8906, após chegar na mínima de R$ 3,8664 e na máxima de R$ 3,9319 em uma sessão marcada por intensa volatilidade, segundo informou a agência de notícias Reuters. Na semana, a moeda norte-americana acumulou alta de 0,44%.

À espera de chuvas

Outro fator de peso sobre o andamento dos negócios internamente e da variação dos preços no mercado internacional é o cenário climático no Brasil para este início do plantio da nova safra de soja. “Se tivemos uma semana relativamente melhor para os preços, o mesmo não dá para dizer quanto à evolução do plantio da nova safra. O clima segue bem irregular e preocupante.

Há semanas consecutivas, os produtores do Centro-Oeste brasileiro, principal área produtora da oleaginosa, vêm sofrendo com o clima extremamente seco e quente, o que travou o avanço dos trabalhos de campo. Porém, as últimas previsões já indicam a chegada de chuvas mais regulares e de melhor volume para a região.

“Na semana que vem, tem chuva boa, não só para Mato Grosso e Goiás, mas para todo o Centro-Oeste, de forma generalizada, e acontecem não só no Sul, como acontece agora, mas Sudeste, Centro-Oeste, e pegando até algumas boas áreas do MAPITOBA. Então, temos chuvas desde o início da semana que vem, de 25 a 26, até o começo de novembro, com pelo menos cerca de 10 dias de chuvas regulares e generalizadas”, explicou o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Somar Meteorologia.

As quantidades devem variar de 30/40 mm até 100 mm, dependendo da região, mas com os maiores volumes ainda concentrados no Sul do Brasil. “Serão chuvas plantadeiras, dando condições para a continuidade ou o início do plantio. O problema, porém, fica para segunda quinzena de novembro, quando voltam as chuvas muito irregulares em todo o Brasil, com concentração sobre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina”, completa Santos.

Em Chicago, balanço negativo

Apesar dos bons momentos registrados pelos principais vencimentos da soja na Bolsa de Chicago, o balanço semanal foi negativo para as cotações. As posições mais negociadas perderam de 0,31% a 0,80%, levando apenas o contrato maio/16, referência para a safra brasileira, acima dos US$ 9,00 por bushel, cotado a US$ 9,02. Já o novembro/15, que é referência para a safra dos Estados Unidos, encerrou a semana valendo US$ 8,95.

Um dos fatores de pressão sobre as cotações já no final desta semana foi, justamente, a previsão de um clima mais favorável para o avanço do plantio da soja no Brasil, segundo explicaram analistas. E a tendência é de que as notícias sobre a nova temporada sulamericana ganhem cada vez mais peso para o direcionamento dos preços.

“Para que os preços deslanchem, tudo o que os altistas querem é que continue a boa demanda, mas que haja também o avanço de irregularidades no clima do Brasil”, afirma Camilo Motter. “E a demanda vai bem melhor do que se imaginava”, completa.

Nesta semana, os números que foram reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indicaram bons volumes de soja, tanto embarcadas quanto vendidas para exportação. Ambos superaram os 2 milhões de toneladas na última semana, indicando essa volta dos compradores à soja norte-americana, embora a brasileira ainda tenha a maior fatia do mercado nesse momento devido à sua competitividade ainda bastante significativa.

Ainda assim, outro fator se suporte para as cotações em Chicago vêm do comportamento do produtor norte-americano que, diante dos atuais níveis de preços – evita realizar novas vendas, ainda de acordo com analistas e consultores.

“O produtor americano não está querendo vender, não está formando lotes, por isso não uma oferta de produtos. O que podemos notar é que os negócios futuros estão muito lentos para a soja americana, e os embarques americanos estão muito rápidos, ou seja, o que foi negociado está sendo embarcado rapidamente, mas não estão conseguindo levantar várias ofertas”, explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.

Além disso, contribui para uma pressão sobre os preços não só da soja, mas das commodities negociadas nas bolsas americanas de uma forma geral, a alta do dólar no cenário internacional, como explica o consultor em agronegócios Ênio Fernandes.

“Ontem já tivemos o quantitative easing na Europa, mais dinheiro no mercado, hoje, a China cortando juros, mais dinheiro no mercado. Com isso, o dólar se valoriza e as commmodities cedem”, explicou Fernandes. “Em minha análise, a queda foi mínima, poderemos ver mais baixas, mas não devemos romper níveis de suporte”, completa.

E isso tudo sem mencionar a pressão sazonal da colheita nos Estados Unidos, com o melhor ritmo da história para os trabalhos de campo. Até o último domingo (18), o USDA informou que 77% da área já havia sido colhida no país. O número será atualizado na próxima segunda-feira (26).

Fonte: Notícias Agrícolas

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