Agronegócio

Soja: Mercado em Chicago já testa recuperação nesta 3ª feira após queda da sessão anterior

Os futuros da soja se recuperam na manhã desta terça-feira (27) na Bolsa de Chicago e trabalham em com altas de pouco mais de 3 pontos. Assim, o vencimento janeiro/16, o mais negociado agora, era cotado a US$ 8,88 por bushel.

O mercado, na sessão anterior, fechou o dia com baixas de mais de 10 pontos entre as principais posições reflentindo um movimento de correção técnica e a pressão, que deve continuar pelo menos no curto prazo, exercida pela reta final da colheita nos EUA e pelo avanço do plantio da nova safra do Brasil.

Ontem, os números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) mostraram que a colheita norte-americana já foi concluída, até o último domingo (25) em 87% da área. O índice ficou acima de 2014, quando havia 68% colhido, e superou ainda o total da média dos últimos cinco anos, de 80%. O portal internacional Farm Futures trabalhava com uma projeção de 82%. Este é, segundo analistas, o melhor ritmo de todos os tempos para os trabalhos de campo nos EUA.

Paralelamente, consultorias mostraram que a semeadura da safra brasileira já chega a cerca de 20% da área estimada e fica ligeiramente abaixo da média dos últimos cinco anos, que varia- segundo os levantamentos de consultorias privadas – de 21% a 31%.

E estes são, ainda de acordo com os analistas, os principais direcionadores das cotações, além das informações que vêm chegando diariamente do lado da demanda.

Veja como fechou o mercado nesta segunda-feira:

Na sessão desta segunda-feira (26), o mercado da soja na Bolsa de Chicago encerrou o dia em queda forte. Os futuros da oleaginosa fecharam os negócios perdendo mais de 10 pontos entre os principais vencimentos, levando as cotações de volta ao patamar dos US$ 8,80 por bushel.

O contrato janeiro/16, o mais negociado nesse momento, ficou em US$ 8,85, depois de bater na mínima do dia de US$ 8,82. Já o contrato maio/16, referência para a safra brasileira, fechou a sessão com US$ 8,92/bushel, com mínima de US$ 8,85.

Segundo explicou o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, o mercado começou a semana com uma liquidação de posições, testando alguns patamares de baixa, além de sentir ainda a pressão de fatores como a quase conclusão da colheita nos Estados Unidos e a normalização do clima no Brasil.

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz, nesta segunda, seu novo reporte semanal de acompanhamento de safras e atualiza o índice de área colhida no país e, para o consultor, poucas novidades devem aparecer neste momento de forma a pressionarem ainda mais os preços.

“O mercado está bem baixo neste momento e não tem muito fôlego para cair mais”, acredita Brandalizze. Afinal, além disso há ainda uma falta de oferta de físico nos EUA já que os produtores locais seguem evitando novas vendas de soja neste momento frente aos atuais níveis de preços, fator que acaba servindo de suporte para as cotações.

Com essa postura, vem se reduzindo a cada semana a diferença entre o total de vendas para exportação da nova safra norte-americana, as quais estão abaixo do registrado no mesmo período do ano passado, e o total já embarcado da oleaginosa do país, com um volume superior em 15% se comparado ao mesmo intervalo do ano comercial 2014/15.

De acordo com dados informados também pelo USDA ainda nesta segunda, no acumulado da temporada atual, o total acumulado de soja embarcada pelo país é de 9.534,402 milhões de toneladas, 15% a mais do que as 8.238,678 milhões do mesmo período da temporada anterior.

Somente na semana que terminou no último dia 22, os EUA embarcaram 2.671,934 milhões de toneladas de soja, sendo 1,1 milhão de toneladas carregadas pela China, o que totaliza 5,3 milhões de toneladas, contra 5,2 milhões nesta mesma época do ano passado, segundo relata a Agrinvest Commodities.

O número ficou ligeiramente acima da semana anterior, quando foram embarcadas 2.366,575 milhões de toneladas, e superou ainda as expectativas do mercado, que trabalhavam no intervalo de 1,68 milhão e 1,96 milhão de toneladas.

Também dando suporte aos preços da soja na Bolsa de Chicago estão os anúncios, quase que diários, do departamento agrícola norte-americano, de novas vendas para a China e outros destinos. Nesta segunda-feira, foram 120 mil toneladas da safra 2015/16 para a nação asiática.

“O fator demanda, no médio prazo, é um fator altista, afinal, ele está levando toda a soja disponível”, diz o consultor.

Safra do Brasil e preços no mercado interno

Outro fator que acaba pressionando o mercado e limitando uma recuperação dos preços é a evolução da safra do Brasil, ainda de acordo com Vlamir Brandalizze. “A normalização do clima acaba pesando sobre o andamento dos negócios”, diz. As chuvas, nos últimos dias, deram uma trégua no Sul do país e chegaram de forma mais intensa à região Central, favorecendo o andamento dos trabalhos de campo.

“Ao longo da semana, novas áreas de instabilidade estão se formando sobre o Brasil e com isso, haverá chuvas em, praticamente, todas as regiões produtoras, dando condições para o plantio da soja, milho e demais culturas de verão”, explica o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Somar Meteorologia.

De acordo com o último levantamento da França Junior Consultoria, o plantio da soja no Brasil já foi concluído em 20% da área até o último dia 23, número que supera ligeiramente os 16% do mesmo período do ano passado. Entretanto, o índice fica abaixo dos 21% da média dos últimos cinco anos. E o estado ainda mais avançado é o Paraná, com 56%, seguido pelo Mato Grosso e, na sequência vem Mato Grosso, com 23%.

Assim, como o foco em aproveitar melhores condições de clima para os trabalhos de campo, os produtores seguem evitando dedicar atenção à comercialização e, consequentemente, novos negócios. As vendas no Brasil, portanto, iniciaram a semana sem ritmo.

Nesta segunda-feira, os preços da soja recuaram no interior do Brasil – de 0,66% a 1,39%, mas ainda mantendo o patamar dos R$ 70,00 por saca, com exceção das praças de Mato Grosso.

Já nos portos, os preços registraram, em linhas gerais, pequenos ganhos. Em Paranaguá, a oleaginosa subiu 0,60% no disponível – para R$ 84,50 – e 0,61% no futuro – para R$ 82,50 por saca. Em Rio Grande, o valor do produto disponível avançou 0,58% para R$ 86,50, enquanto o da nova safra apresentou baixa de 0,60% para R$ 82,50 por saca.

“O produtor tem que se dedicar mais em fazer um plantio bem feito do que negociar agora, afinal, a tendência é de preços melhores, em dólares principalmente. O produtor ainda tem tempo”, diz Brandalizze. “A demanda interna está bastante forte, principalmente no setor de rações e óleo para biodiesel”, diz o consultor. E isso também traz algum suporte para as cotações.

Dólar

A incerteza dos produtores sobre o destino da taxa de câmbio também retrai os produtores. A moeda norte-americana, nesta segunda-feira, registrou uma sessão de forte volatilidade, começando o dia em campo negativo e revertendo o sinal no final da sessão.

Assim, terminou os negócios com alta de 0,67% a R$ 3,9167, depois de cair cerca de 1,65% na mínima do dia, de acordo com as informações da agência de notícias Reuters. “O mercado está sem lote nenhum, a liquidez está muito ruim. Qualquer cotação de saída provoca uma correção”, disse o especialista em câmbio da corretora Icap Italo Abucater à agência.

Exportações Brasileiras

E os números das exportações brasileiras de soja também seguem surpreendendo. Até a quarta semana de outubro, apresentaram uma média diária de 131,4 mil toneladas, totalizando 2.103,4 milhões de t no período. Esse volume é 308,1% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Os embarques de soja estão em ritmo atipicamente acelerado para o momento, já que estamos em período de entressafra no Brasil e crescente oferta nos Estados Unidos. Mas com a forte demanda – principalmente da China – e o dólar em alta, até mesmo os agentes financeiros estão registrando um aumento no crédito destinado aos exportadores.

Fonte: Notícias Agrícolas

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